A população de Buriticupu vive em alerta por conta dos riscos causados pelas voçorocas, enormes crateras que há mais de 30 anos, vem invadindo parte da cidade. Durante o período chuvoso, a situação na região só piora.

Buriticupu é a cidade maranhense com a maior concentração de crateras, são 26 buracos gigantes que avançam sobre a cidade e tiram o sono dos moradores.

“Assusta, muito. Às vezes eu fico orando à Deus para não chover tão forte, tem horas até que eu peço perdão para Ele”, conta Nazaré Feitosa, técnica em segurança do trabalho, que mora próximo às crateras.

A casa do zelador Carlos Cardoso está a cinco metros das crateras e mesmo assim, ele sabe que mora à beira do perigo. “Quando chove aqui, rapaz, é perigoso demais. É perigoso que ninguém dorme aqui, a noite todinha acordado só escutando o barranco desabar, tem vez que eu levanto para olhar, se não está quebrando realmente mais para cá, é obrigado a gente sair correndo”, diz.

As crateras são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, geralmente provocadas pela água da chuva. Se nada é feito para conter, uma cratera pode chegar ao grau de voçoroca, quando atinge um lençol freático, como aconteceu em Buriticupu.

De acordo com especialistas, o desmatamento, a ocupação desordenada, o relevo e o solo arenoso são os principais fatores que contribuíram para o surgimento e o avanço das voçorocas.

“A própria atividade humana ela, sem saber, ela vai criando o problema. Como não tem uma política defensiva, ela acaba causando essas erosões. Então é um material meio solto onde qualquer chuva e qualquer enxurrada vai levando micro partículas do solo para um nível mais baixo”, explica Clodoaldo Nunes, geólogo.