O silêncio da Secretaria de Segurança Pública em relação ao desaparecimento de dois policiais militares, desde o dia 17 deste mês, é algo condenável, que dá a impressão de desprezo do governo aos agentes públicos que têm a missão de proteger do crime toda a sociedade maranhense. O cabo Júlio César da Luz Pereira e o soldado Carlos Alberto Constantino Sousa, ambos lotados no município de Buriticupu, foram vistos pela última vez há exatamente uma semana, seguindo em direção à cidade de Arame, e, desde então, diferentes versões já foram ventiladas, inclusive a possibilidade de que estejam mortos. 

O que se sabe, no momento, é que a Delegacia de Buriticupu iniciou as investigações, com apoio do destacamento local da PM. Quase nenhuma pista foi levantada até agora, para desespero dos familiares dos dois militares, aturdidos a todo instante por boatos e informações desencontradas. De certeza mesmo, só a subestimação de um fato de extrema gravidade, jamais registrado na história recente da crônica policial do Maranhão. 

O duplo desaparecimento pode reafirmar a vulnerabilidade dos agentes de segurança do Estado ante a audácia dos criminosos. É algo que choca e deixa em pânico toda a população, que se sente ainda mais acuada ao constatar que nem mesmo a polícia está livre da crueldade e da ousadia da bandidagem, que investe todo o seu repertório de maldades e arsenal para impor aos cidadãos de bem o clima de medo. 

Apesar de toda a aflição que cerca o sumiço, até agora, nem o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, nem qualquer outro gestor da área vieram a público anunciar oficialmente medidas efetivas para a elucidação do caso. Nem mesmo uma nota pública a SSP se dispôs a emitir, em respeito à família do cabo e do soldado, assombrada pela incerteza sobre o paradeiro e o estado de saúde dos seus entes queridos. 

Diante da gravidade do fato, seria oportuna, até mesmo, a manifestação do próprio gabinete do governador Flávio Dino, a fim de dar aos maranhenses a certeza de que o Palácio dos Leões está trabalhando para que o sumiço seja desvendado. Mas, o que se percebe é o distanciamento da cúpula governista de um episódio que pode deixar a marca indelével da negligência em quem hoje tem o poder de mando no estado e o dever de intervir, para o bem, nas mais diferentes questões. 

Espera-se que o cabo Júlio César e o soldado Carlos Alberto estejam sãos e salvos e que logo retornem ao convívio dos seus familiares e amigos e ao exercício da atividade policial. Que as previsões negativas não se confirmem e que o governo tenha tempo de se redimir da sua grave e inaceitável omissão. 

Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão