Governo projeta um cenário catastrófico. De acordo com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), relator do orçamento de 2016, a intenção é cortar 10 bilhões de reais do Bolsa Família

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome projeta um cenário catastrófico caso tenha sucesso a intenção do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). 

Um estudo da Secretaria de Renda da Cidadania (Senarc) da pasta prevê que 23,2 milhões de pessoas deixariam o Bolsa Família e 7,97 milhões entrariam na faixa de renda que caracteriza a pobreza extrema. 

Atualmente, o Bolsa Família atende 47,8 milhões de pessoas, cerca de 23% da população brasileira. A dotação orçamentária prevista pelo governo federal para o programa é de 28,8 bilhões e Barros propôs cortá-la em 35%, reduzindo para 18,8 bilhões. Segundo ele, isso significaria apenas um congelamento do programa, e não sua precarização. “Esse corte é para não ter novos ingressos. Quem sai, não retorna. Quem fica, fica. Não vamos tirar ninguém do programa”, afirmou o parlamentar em 20 de outubro. 

A região mais afetada seria o Nordeste, que concentraria 38,8% (9 milhões de pessoas) dos excluídos. Na região, os estados proporcionalmente mais atingidos seriam Rio Grande do Norte e Sergipe, onde mais de 47% dos beneficiários ficariam sem os repasses do Bolsa Família. 

O cancelamento dos benefícios, estima o ministério, ainda jogaria 8 milhões de pessoas na faixa de renda da extrema pobreza, caracterizada por uma renda mensal de até 77 reais por pessoa. Entre os afetados estariam 4 milhões de adultos, 2 milhões de crianças entre 7 e 15 anos e 1,2 milhão de crianças de zero a 6 anos. 

Novamente, a região Nordeste seria a mais atingida, concentrando 49,2% (3,9 milhões de pessoas) de todas as pessoas que voltariam a ser miseráveis.